sexta-feira, 11 de abril de 2014

                                                                O INVISÍVEL
           
Somos uma grande energia que movimenta todo um aparato econômico, todos sem importância ou relevância, para colocar em movimento uma grande máquina que não pára, pois a energia está sendo trabalhada de forma constante, alienada por si, não se vê além da atividade que faz, só atende para os fins que foram destinados, uma grande massa de idealização; somos uma energia, um trabalho, e não o queremos deixar de ser, somos o nada e não almejamos o tudo. 
         Esta no trabalho a prática da verdade objetiva incumbida nos pensamentos de Karl Marx, a corrente da exploração do trabalho é tão invisível que nem ao menos quem carrega as algemas consegue enxergar, mesmo sendo notoriamente lógica, a realidade do homem se perfaz no que ele procura idealizar e não no que pode colocar em prática, o homem vê o mundo pela ideologia burguesa, individualista e egoísta, se retraí ainda mais pelos vínculos familiares, o humano é mais um critério biológico e não social. A produção do trabalho no capitalismo em termos coletivistas é invisível, a sua ideologia política tange setores, áreas, e principalmente faz uma escala chamada meritocracia como ponte para o sucesso, ou seja, ganhar dinheiro e consumir mais que o outro, uma verdadeira submissão ao modelo social mais hipócrita que a História já teve, critica-se o modelo escravagista, porém é invisível a semelhança senhor/escravo e patrão/ empregado, somos desumanos, tudo é mercadoria, e por mais claro que isso seja é fácil conservar e manter-se em uma zona de conforto, a religião de forma alguma deixa ter espírito no capital, agora ela é a fé do indivíduo, essa ideologia burguesa toma as reflexões de cada cidadão, entorna sua cultura e produz suas verdades.  
         A forma como o Estado capitalista toma a estruturas sociais são complexas, porém ele não deixa ser o tudo, o real valor do “Direito” na sociedade liberal é invisível, o direito não o é ciência por sua vontade, mas expressa a mais pura vontade do capital por legitimar e conservar suas estruturas, é um de seus principais guardiões e acaba por assim atender o que lhe for solicitado.  Parece que o direito, a economia e o Estado - política são independentes da forma com esta posta o capitalismo, tudo para se criar um sujeito de direito com mera igualdade jurídica, liberdade econômica e como se o Estado fosse fraterno, uma justiça invisível. A injustiça do trabalho não é vista, não é refutado, o capitalista mantém as relações do trabalho, detém os meios produção e o operário necessita sobreviver, vende assim sua força trabalho para enriquecer o capital, o vendedor e o comprador, Marx diz que o trabalhador pertence ao capital mesmo antes de vender-se ao capitalista, uma servidão invisível servidão econômica.
               Nossas relações sociais são decursas dos meios de produção que sucedem nossa sobrevivência, é a consciência que nos difere dos outros animais, está consciência esta alienada pela exploração do trabalho, aceitamos de forma natural e conservativa nossa sociedade, pois idealizamos um mundo melhor lá na frente ou em outra vida, a transformação social requer destruição drástica do pensamento, ela a libertação é uma das amarras do escravo até os tempos modernos do trabalhador assalariado, a exploração é o meio de ligação de aceitação das demais formas sociais, mais do que tudo o homem vê, conhece, sente as suas condições, porém o ar de conquistar posições melhores dentro do mercado de trabalho, ou melhor, educação faz com que ele aceite as imposições de ideias que advém se não da classe dominante a burguesia que alimenta os seus sonhos de chegar ao apogeu da pirâmide social, traduzindo-se em um belo conto. As verdades absolutas transformadas em virtudes trazem a tona uma maré de conservação ao modelo econômico vigente, o indivíduo deve se reconhecer dentro do campo social, se esforçar, ser justo, honesto, conquistar bens de consumo e servir como exemplo de superação para toda uma gama de famigerados que são constantemente expurgados pela classe média e pela classe burguesa, como ele conseguira tal feito? Pela fé, ou pela chamada força de vontade, o individuo deve lutar para com isso subir os degraus da vida, pois reconhece a sua condição, mas não almeja ousar lutar contra a sua realidade, que é clara, tem as chaves de suas algemas que são suas próprias criticas, quer se libertar dos pecados, mas o maior deles é não perceber suas coleiras, que o levam do trabalho para casa nas piores condições de transportes, além de alimentá-lo mal, e morar em suma maioria em condições precárias, mesmo assim ele vê uma luz no fim do túnel, como se o Estado, o poder do sufrágio universal que ele possui em mãos a cada época eleitoreira fosse o meio pelo qual resolvesse alguns de seus problemas, ele não acredita em si mesmo, ele não se enxerga como fonte transformadora da sociedade porque as ideias que partem de cima para baixo da pirâmide social os colocam como almejados do nada para o nada, e não como classe a derrubar o sistema atual.
            Marx é notoriamente perfeito em indagar que os modos de produção do trabalho transformam a realidade social, a sociedade começou a partir do momento em que a atividade trabalho pelo homem se deu início, e jamais parou, pois é por meio dele que o homem faz sua História, é a concentração do trabalho nas mãos de poucos o berço das injustiças, dentre elas a exploração do homem pelo homem se deu inicio, ela criou a morte, a violência, o ódio contra aquele que não segue os preceitos morais da sociedade burguesa e comete algum tipo de ato que resulta em efeito contrário, causando o pavor de todos; escolhe dentre o próprio proletariado os que serão o Estado e usarão de sua força de repressão para invadir favelas, reprimir todo e qualquer tipo de ato que venha visar romper as estruturas da sociedade reacionária.  Desde a favela, até o bairro burguês, o modo de se vestir, as marcas a se vestir, o meio de locomoção é tudo fator preponderante das relações de produção do homem que é injusta, e é o próprio trabalhador que ao longo dos períodos da História alimenta toda reprodução social, pois até agora ainda não se enxergou como o “tudo”, mas apenas como um modelo de idealização, como se perfaz a classe dominante.
            As relações de trabalho e seus modos de produção dão vida ao convívio social, porém o trabalho acaba por não empregar todos, de forma visível nas grandes cidades, os invisíveis moradores de ruas, que embora o paradoxo seja enxergado por todos merecem respeito e acima de tudo oportunidade para integração dentro deste sistema, entendemos que, o conhecimento a ser transmitidos, tanto pela arte, quanto cultura, ou politização são fatores que contribuem para mostrar que embora esquecidos, existem pessoas que se compadecem com a causa, fruto de uma grande injustiça.
                     
Referências:
Mascaro, Alysson Leandro, Filosofia do direito / Alysson Leandro Mascaro. - - Atlas, 2010.
Marx, K & Engels, F. A ideologia Alemã

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